PORTUGAL

Social Situation in Portugal

The repressive nature of the authoritarian regime that ruled Portugal between 1926 and 1974 hindered scientific research on the subject of poverty for a long time. Later, the concept of “poverty ways of life” (Almeida et al. 1992; Capucha 2005) was developed as a key theoretical tool for understanding the diversity and heterogeneity of poverty in Portuguese society. “Poverty ways of life” refer to the complex interaction of factors that shape how poverty is lived by those affected by it – such as spatial context, consumption patterns, family organisation models, subjective perception of one’s social standing, life strategies and representations of one’s past and future and people’s lifestyles – a concept inspired in Bourdieu’s works.

It relates to the active relation of persons with their objective living conditions. Poverty in Portugal may encompass marginal groups like drug addicts or ex-prisoners, classical risk groups like lone parents, poor pensioners or people with disabilities, ethnical groups and immigrants, but also the “working poor” – low-skilled low pay workers in precarious jobs, and even the “new poor” resulting from the impoverishment of former lower middle class families. Capucha (2012) suggests that poverty seems to be decreasing among immigrants and peasants, possibly by sectoral and demographic effects, but for the working poor, the new poor and the elderly, poverty risk seems to have sharply risen since the beginning of the crisis.

Previous research results

As of September 2012, the Portuguese economy had registered eight consecutive quarters of negative GDP growth rates, going back to the last quarter of 2010. Rising interest rates on Portuguese public debt have meant that the Portuguese Government was forced to apply for a financial “rescue package” from the IMF, the ECB and the European Commission, who in turn called for severe austerity measures to be implemented in Portugal: steep increases on regular taxation over salaries and consumption; creation of extraordinary taxes on salaries, and public expenditure reduction, which translated mostly in cuts in the salaries in the public sector, in public health services, education, pensions and other social security transfers – with anti-poverty measures being severely affected.

A first trend is closely tied to rampant unemployment. As nearly 50% of the registered unemployed were not entitled to any unemployment benefit, a strong poverty growth is most likely to result.

The second trend is related to the steep increase in indirect taxes and welfare cuts. Portugal has the lowest median net equivalent income in the ‘old’ EU-15 of 8.410€/year in 2011, just about 75% of Greece’s, the closest country in this regard. Furthermore, 15% of population were already very close to or below to threshold of poverty. Hence the twin pressure of cuts in social security transfers and increasing taxes on consumption – such as VAT – cannot but push those who were previously merely at risk of it into poverty. One result of these trends can already be seen in the forceful return of emigration, a traditional phenomenon in Portuguese society that had been greatly reduced during the 1990s and 2000s.

The Team

  • Alexandre D. Calado
    Alexandre D. Calado
  • Pedro Estêvão
    Pedro Estêvão
  • Professor Luís Capucha
    Professor Luís Capucha

A natureza repressiva do regime autoritário que governou Portugal entre 1926 e 1974 impediu a investigação científica sobre o tema da pobreza por um longo tempo. Mais tarde, o conceito de “modos de vida da pobreza” (Almeida et al, 1992; Capucha, 2005) foi desenvolvido como uma ferramenta teórica fundamental para a compreensão da diversidade e heterogeneidade da pobreza na sociedade portuguesa. Os “modos de vida da pobreza” referem-se à complexa interação de fatores que moldam a forma como a pobreza é vivida por aqueles afetados por ela – como o contexto espacial, os padrões de consumo, os modelos de organização familiar, a percepção subjetiva da própria posição social, as estratégias de vida e representações do passado e do futuro e os estilos de vida das pessoas –, conceito este inspirado nas obras de Bourdieu. Relaciona-se com a relação ativa das pessoas com suas condições de vida objetivas. A pobreza em Portugal pode abranger: grupos marginais, como os toxicodependentes ou ex-reclusos; os grupos de risco clássicos, como as famílias monoparentais, os pensionistas pobres ou as pessoas com deficiência; os grupos étnicos e os imigrantes; mas também os “trabalhadores pobres” – os trabalhadores pouco qualificados e mal remunerados em trabalhos precários; e até mesmo a “novos pobres”, resultado do empobrecimento das famílias de classe média baixa. Capucha (2012) sugere que a pobreza parece estar a diminuir entre os imigrantes e os camponeses, possivelmente por efeitos setoriais e demográficos, mas para os trabalhadores pobres, os novos pobres e os idosos, os riscos de pobreza parece ter aumentado acentuadamente desde o início da crise.

Em Setembro de 2012, a economia portuguesa havia registaado oito trimestres consecutivos de taxas negativas de crescimento do PIB. Taxas de juros crescentes sobre a dívida pública portuguesa fizeram com que o Governo Português fosse forçado a solicitar um “pacote de resgate” financeiro do FMI, do BCE e da Comissão Europeia, que por sua vez pediram severas medidas de austeridade a serem implementadas em Portugal: aumentos acentuados na tributação normal sobre os salários e o consumo; criação de impostos extraordinários sobre os salários e redução da despesa pública, o que se traduziu principalmente em cortes nos salários do setor público, nos serviços públicos de saúde, na educação, nas pensões e outras transferências da segurança social – sendo as medidas de combate à pobreza severamente afetadas. Uma primeira tendência que pode ser identificada está intimamente ligada ao desemprego galopante. Como cerca de 50% dos desempregados registados não tinham direito a qualquer subsídio de desemprego, um forte crescimento da pobreza é o mais provável de ocorrer. Uma segunda tendência está relacionada com o forte aumento dos impostos indirectos e cortes nos apoios sociais. Portugal tem a menor rendimento mediano líquido equivalente na “velha” UE-15 de 8.410€/ano em 2011, apenas cerca de 75% da Grécia, o país mais próximo a este respeito. Além disso, 15% da população já estavam muito próximos ou abaixo de limiar da pobreza. Daí a pressão dupla dos cortes nas transferências para a segurança social e no aumento dos impostos sobre o consumo – como o IVA – não pode deixar de empurrar aqueles que eram anteriormente estavam apenas em situação de risco para a pobreza. Um resultado destas tendências já pode ser visto no regresso forte da emigração, fenómeno tradicional na sociedade portuguesa que tinha sido bastante reduzido durante os anos 1990 e 2000.

The Team

  • Alexandre D. Calado
    Alexandre D. Calado
  • Pedro Estêvão
    Pedro Estêvão
  • Luís Capucha
    Luís Capucha
Alexandre D. Calado

Alexandre D. Calado – M.A. in Urban Studies, ISCTE – University Institute of Lisbon (2010), from 2012- PhD studies In Sociology, ISCTE – University Institute of Lisbon. Tutor: Prof. Luís Manuel Capucha. Researcher at the Centre for Research and Studies in Sociology, at the University Institute of Lisbon, currently developing a PhD thesis titled “Secondary Education and the impacts of the economic and financial crisis in education politics, in schools and in families” and also participating in a European comparative research on the impacts of the economic recession and on the education and training systems of Southern European countries, titled “Educational Challenges in Southern Europe. Equity and efficiency in a time of crisis”. He participated in several research studies on education, with an emphasis on the evaluation of public policies for education, working both with research centers and governmental institutions, namely the “Study of Evaluation of the Primary and Secondary Education”. He has also participated on research studies on public policies and poverty, with an emphasis on studies of evaluation of public programmes oriented towards decreasing social exclusion and poverty, both policies oriented to territorial policies and policies developed in specific sectors, such as the areas of employment and training. His main research interests are social policy, policymaking, education and organizational and territorial development.

Pedro Estêvão

Pedro Estêvão graduated in Sociology in 2005 from the Lisbon University Institute, holds a post-graduate degree in Statistics and is currently undergoing his PhD research in Sociology on the topic of firm and workers strategies regarding education and training in the context of economic and social crisis under the supervision of Prof. Luis Capucha. He is currently a researcher at the Centre for Research and Studies in Sociology at the University Institute of Lisbon (ISCTE-IUL). His main research interests are economic sociology and public policy analysis. He has participated as a researcher for ISCTE-IUL on several projects aiming at evaluating the impact of educational reforms on the ability of the Portuguese education and training system to promote school success amongst disadvantaged social groups and also on studying phenomena such as early school leaving and school underachievement. He was co-author of the report “Mais escolaridade” that technically grounded the government decision of extending compulsory education in Portugal to 12 years. He recently participated in the evaluation of the “Rede Social” (Social Network) Program, a Portuguese national program aiming at developing stakeholders forums for implementing social policy at municipal level. He is currently working in the research project “Educational Challenges in Southern Europe: Equity and efficiency in a time of crisis”

Professor Luís Capucha

Luís Capucha, PhD in Sociology at the Lisbon University Institute (ISCTE-IUL), 2004 will head the Portuguese team of the RESCuE project. He is a senior researcher at the Centre for Research and Studies in Sociology of ISCTE-IUL (CIES-IUL) where he has also been teaching in Social Classes and Social Stratification and Public Policy Evaluation since 1992.His two main research interests are poverty and social exclusion and sociology of education. On his PhD thesis he developed the concept of “poverty ways of life”, offering a framework for studying the multidimensional nature of poverty in Portugal. He is the author and co-author of several articles and chapters in international publications such as “Le Visible et l’Invisible: Modes de Vie de la Pauvreté au Portugual” (in Espaces et Societés, 79, 43-60), “Mending Nets in the South: Anti-Poverty Policies in Greece, Italy, Portugal and Spain” (in Social Policy & Administration, Vol. 37, 6, 639-655) or “Portugal – a virtuous path towards minimum income?”(in Ferrara, M.(2005) Welfare States Reform in Southern Europe, 204-265). His academic career has been interspaced with spells on official functions. He headed the Department for Statistics and Prospective Studies of the Portuguese Ministry of Labour and Social Solidarity from 1999 to 2002 and also two Departments of the Portuguese Ministry of Education from 2007 to 2011. From 1996 to 1999, he served as Director of the Portuguese branch of the European Anti-Poverty Network. Luis Capucha also coordinated the evaluation studies on the national implementation of the EQUAL European Initiative Programme. He was also the coordinator of evaluation studies of major national social policy measures such as the Minimum Income Law of 1997.

Alexandre D. Calado

Alexandre Calado – Mestre em Estudos Urbanos, pelo ISCTE – Instituto Universitário de Lisboa em 2010. A partir de 2012 a desenvolver a sua investigação no âmbito do Doutoramento em Sociologia no ISCTE – Instituto Universitário de Lisboa, dedicada ao estudo dos impactos da crise económica e financeira no desempenho e resultados do sistema educativo e formativo português, orientado pelo Prof. Dr. Luís Capucha. Investigador do Centro de Investigação e Estudos de Sociologia, no Instituto Universitário de Lisboa (CIES-IUL), actualmente a participar em uma pesquisa comparativa europeia sobre os impactos da recessão econômica e sobre os sistemas de educação e formação dos países do Sul da Europa, intitulada “Desafios da Educação na Europa do Sul: Equidade e eficiência no tempo de crise”. Ele participou de várias investigações sobre educação, com ênfase na avaliação de políticas públicas, trabalhando tanto com Centros de Investigação Científica como com instituições governamentais. Ele também participou em estudos de investigação sobre as políticas públicas e pobreza, com ênfase para os estudos de avaliação de programas públicos voltados para a diminuição da exclusão social e a pobreza, ambas as políticas voltadas para as políticas territoriais para setores de actividade específicos, tais como a área do emprego e formação. Seus principais interesses de pesquisa são políticas sociais, políticas de educação e desenvolvimento territorial e organizacional.

Pedro Estêvão

Pedro Estêvão formou-se em Sociologia, em 2005, no Instituto Universitário de Lisboa. Possui uma pós-graduação em Estatística e está atualmente desenvolvendo a sua pesquisa de doutoramento em Sociologia sobre o tema das estratégias das empresas e dos trabalhadores em matéria de educação e formação no contexto de crise económica e social, sob a supervisão do Prof. Dr. Luis Capucha. Atualmente é investigador do Centro de Investigação e Estudos de Sociologia do Instituto Universitário de Lisboa (CIES-IUL). Seus principais interesses de investigação são a sociologia económica e a análise de políticas públicas. Participou como investigador para o ISCTE-IUL em vários projetos com o objetivo de avaliar o impacto das reformas educacionais, sobre a capacidade do sistema de educação e formação Português de promover o sucesso escolar entre os grupos sociais desfavorecidos e também no estudo de fenómenos como o abandono escolar precoce e o insucesso escolar. Ele foi co-autor do relatório “Mais escolaridade”, que fundamente tecnicamente a decisão do Governo Português de alargar a escolaridade obrigatória em Portugal para 12 anos. Recentemente, participou na avaliação do Programa Rede Social, um programa nacional Português com o objetivo de desenvolver fóruns de stakeholders para a execução da política social ao nível municipal. Ele está atualmente a trabalhar no projeto de pesquisa “Desafios da Educação na Europa do Sul: Equidade e eficiência no tempo de crise”.

Luís Capucha

Luís Capucha, PhD em Sociologia no Instituto Universitário de Lisboa (ISCTE-IUL) em 2004, é o responsável pela equipa portuguesa no Projeto RESCuE. Ele é um investigador sénior do Centro de Investigação e Estudos de Sociologia do Instituto Universitário de Lisboa (CIES-IUL), onde também é docente nas cadeiras de Classes Sociais e Estratificação Social e Avaliação de Políticas Públicas desde 1992. Os dois principais interesses de pesquisa são a pobreza e a exclusão social e a sociologia da educação. Na tese de doutoramento desenvolveu o conceito de “modos de vida da pobreza”, oferecendo uma estrutura para estudar a natureza multidimensional da pobreza em Portugal. Ele é autor e co-autor de vários artigos e capítulos em publicações internacionais, como “Le Visible et l’Invisible: Modes de Vie de la Pauvreté au Portugual” (em Espaces et Societés, 79, 43-60), “Mending Nets in the South: Anti-Poverty Policies in Greece, Italy, Portugal and Spain” (in Social Policy & Administration, Vol. 37, 6, 639-655) or” Portugal – a virtuous path towards minimum income?”(in Ferrara , M. (2005), Welfare States Reform in Southern Europe, 204-265). A sua carreira académica foi intercalada com períodos em que desempenhou funções oficiais. Ele dirigiu o Departamento de Estatística e Estudos Prospectivos do Ministério Português do Trabalho e da Solidariedade Social entre 1999 e 2002 e também duas Direcções-Gerais do Ministério da Educação Português entre 2007 e 2011. Entre 1996 e 1999, desempenhou o cargo de Diretor do ramo Português da Rede Europeia Anti-Pobreza. Luis Capucha também coordenou os estudos de avaliação sobre a implementação nacional do Programa de Iniciativa Europeia EQUAL e foi também o coordenador de estudos de avaliação das principais medidas nacionais de política social, como a Lei do Rendimento Mínimo Garantido de 1997.